BARRETOS
Festa do Peão
Barretos era o caminho utilizado pelos tropeiros que saltavam as barrancas dos rios da região, tangendo boiadas pelos sertões adentro, arriscando a própria vida nas perigosas travessias do caudaloso Rio Grande, arrebanhando o gado, das regiões do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
Barretos não ocupava somente o lugar de destaque na tradição pecuária do Brasil. Devido a sua localização geográfica, à qualidade de suas terras propícias às pastagens, do favorecimento do clima, e do incentivo de seus moradores, foi a grande propulsora da evolução da pecuária de corte da vasta região, que compreendia os Estados de Mato Grosso e algumas regiões do Triângulo Mineiro, Oeste e Noroeste de Minas Gerais.
Devido à intensa formação de pradarias artificiais nas regiões Noroeste e Sorocabana, aliados à melhoria dos transportes ferroviários, desviou-se para estas zonas a produção pecuária de corte dos Estados do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Tal distribuição cedeu lugar ao desenvolvimento da agricultura e à criação de reprodutores zebuínos de alta linhagem - Rubens Andrade de Carvalho e Veríssimo Costa Junior foram buscar na Índia o gado que poderia melhorar o rendimento de carcaça do gado até então existente e conviver facilmente com o clima da região.
As invernadas de Barretos mundialmente conhecidas pela qualidade de suas pastagens, dotadas de favorecida topografia e clima favorável, formadas pelos capins gorduras, jaraguá e colonião, aliados ao clima seco e quente, propiciaram o repasto dos bois magros e famintos aqui chegados de outros estados.
A construção de um grande matadouro frigorífico fez prosperar a criação de zebu em nossa região. A evolução da pecuária de corte trouxe para a cidade a era da industrialização.
Em 1924 foi fundada a charqueada Minerva. Na década de 50 o Matadouro Industrial Minerva tinha capacidade para abater diariamente cerca de 400 reses, aproveitando-se totalmente seus sub-produtos.
A fama de Barretos como grande centro pecuarista atraia cada vez mais para a região, centenas de viajantes de todos os lugares deste imenso Brasil. Sedentos de prosperidade aqui encontraram seu porto seguro para radicar, muitas vezes, famílias inteiras. O progresso continuava e novos empreendimentos no setor da pecuária faziam-se notar, destacando-se a fundação em 17 de outubro de 1.927 da Charqueada Bandeirante.
A posição de Barretos, como importante entreposto de gado magro e gordo, foi ampliada graças à excelente localização geográfica, ao importante parque industrial de comercialização de carnes e derivados, aos transportes, principalmente o transporte ferroviário, que através dos vagões da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, fizeram escoar os produtos aqui manufaturados, levando-os aos mais distantes locais e, muitas vezes, propiciaram seu escoamento até os principais portos do Brasil para serem distribuídos em embalagens “Made in Barretos” pelo mundo afora.
Os rebanhos bovinos das raças Gyr e Nelore de Barretos ocupavam as posições de maior destaque.
As exposições de gado realizadas em Barretos, no Recinto Paulo de Lima Correa, sempre mereceram carinho especial da parte dos prefeitos, governadores, deputados estaduais e federais, senadores e Presidentes da República, demonstrando a importância de Barretos para a região e para todo o país ao gerar divisas, lançar modismos e marcar Barretos como a “CAPITAL NACIONAL DO GADO”.
A celebração do “peão de boiadeiro” como herói anônimo do ser¬tão, responsável pelo surgimento de cidades ao longo dos corredores, começou em Barretos de for¬ma despretensiosa.
Em 1947 o então Prefeito Mário Vieira Marcondes realizou uma festa de peões por ocasião do aniversário da cidade, com montarias em burro xucro durante o dia no Recinto de Exposições e danças de Catira durante a noite na praça da cidade.
Em 1955 surge o Clube “Os Independentes”, promovendo uma gincana de automóveis em benefício da Vila dos Pobres.
Dias 25e 26 de agosto de 1956, inspirados pelo sucesso da festa que Mário Vieira Marcondes deixou de fazer, realizaram a primeira Festa do Peão de Boiadeiro.
Até o final dos anos 60 permaneceu bem amadora, com prêmios em dinheiro ou brindes oferecidos por fazendeiros e comerciantes.
Em 73 a Volkswagen inaugurou o patrocínio na Festa, oferecendo um fusca zero quilômetro ao peão vence¬dor do rodeio, que foi Laurindo Bernardes de Souza, de Jales.
Durante algum tempo as aparições nos telejornais e na imprensa deram fama à Festa e atraíram mais investidores. Mas eram mídias espontâneas, mensuráveis após o evento, mas difíceis de se programar.
Em 90, a TV Manchete com gravações da novela Pantanal no Parque do Peão, redimensionou o poderio do evento. A mídia eletrônica passou a procurar a Festa para firmar contra¬tos que, por sua vez, passaram a gerar garantia de cobertura de TV para as em¬presas patrocinadoras. Hoje a Festa transformou Barretos na Capital Country.